2 anos na França com uma bolsa de estudos de 1 ano

Você sabia que é possível passar 2 anos na França com uma bolsa de estudos de 1 ano do BRAFITEC, e ainda terminar o intercâmbio com dinheiro sobrando ?

Meu nome é Andreza, ex-bolsista BRAFITEC, e nesse post eu vou te contar como eu consegui finalizar 2 anos de estudos na França, sem ter trazido dinheiro próprio, sem depender dos meus pais, e sem bolsa durante meu segundo ano de estudos.

Embarquei para a França em 2021 com uma bolsa de 1 ano, para o segundo ano de engenharia generalista na Arts et Métiers (equivalente ao quarto ano de engenharia no Brasil). No entanto, desde o início meu objetivo era conseguir ficar 2 anos na França, e sair de lá com um diploma. 

Explorando as possibilidades

A primeira coisa que verifiquei foi a possibilidade de um acordo de duplo diploma entre as universidades brasileira e francesa. Isso não deu certo pois meu curso no Brasil era Engenharia Civil, e não possuía a quantidade mínima de disciplinas equivalentes às do curso na França.

A minha segunda tentativa foi pedir para cursar o terceiro ano (equivalente ao nosso quinto ano) de engenharia como uma aluna normal, ou seja, sem o acordo de duplo diploma. Minha ideia era finalizar a engenharia na França, receber o diploma francês, voltar para o Brasil e terminar as matérias que faltavam para receber meu diploma brasileiro também. Esse pedido não foi aceito pela Arts et Métiers, porém, outras universidades como a ENIM de Metz tiveram casos semelhantes ao meu que foram aceitos, depende de cada instituição.

A minha terceira tentativa foi buscar outras modalidades de estudo, como candidata independente, que eu poderia me inscrever. Busquei informações sobre estudos do tipo Alternance e Master 2 (que você conferir nesse outro post do blog)

Analisei vagas na minha própria universidade e em outras, e acabei escolhendo um Master Recherche na Arts et Métiers, pelo reconhecimento da universidade e pela temática do curso, que me interessava. Assim, ao final do meu segundo ano de intercâmbio, eu teria direito a um diploma de Master francês.

Gestão financeira: Economizando para ficar mais tempo

Um problema estava resolvido, faltava outro… como eu iria me manter financeiramente mais um ano na França? 

Não existia a possibilidade de pedir mais um ano de bolsa de estudos para a CAPES, pois eu era uma candidata independente e a vaga de Master não tinha parceria com a minha IES brasileira. A única coisa que a CAPES libera é uma prorrogação de 3 meses da bolsa no fim do intercâmbio, para realização de um estágio de verão. 

Assim, eu reduzi meu custo de vida para aproximadamente 750 euros por mês. A bolsa do BRAFITEC é de 870 euros, mas como eu morava em Paris, recebia um adicional localidade de 400 euros, totalizando uma bolsa de 1270 euros mensais.

O valor do meu aluguel, em uma residência estudantil na Cité Universitaire, ficava em torno de 386 euros, já considerando o auxílio moradia da CAF. Minhas refeições diárias eram feitas de segunda a sábado no Restaurante Universitário, no almoço e janta, por 1 euro cada refeição.

O preço normal para estudantes é 3,30 euros, mas você pode se beneficiar da tarifa de 1 euro caso possua uma bolsa de estudos, ou esteja em situação de vulnerabilidade social.

Além disso, eu tinha um gasto mensal de 31,2 euros com transporte, 9,99 com tarifa do celular, 180 euros de mercado e deixava previsto 100 euros de gastos variáveis. 

A tabela a seguir resume os gastos que mencionei aqui.

Trabalho e estudo: Mantendo o orçamento

No final do meu primeiro ano de intercâmbio eu pude estender minha bolsa da CAPES por 3 meses, para fazer estágio de verão. Trabalhei em um pequeno escritório de arquitetura, que me pagava 600 euros por mês (empresas maiores podem ter salários mais elevados, em torno de 1200 euros). Além disso, eu recebia mais 1270 euros da bolsa. Nesses meses eu consegui guardar minha bolsa quase completa.  

O que facilitou minha vida para os próximos cinco meses, quando começaram minhas aulas do Master e eu não tinha nenhum dinheiro entrando na minha conta. Por fim, os últimos seis meses de estudo, foram os meses de estágio obrigatório. Esse estágio eu fiz em uma empresa maior, que me pagava um salário de 1100 euros, o que permitiu viver tranquila e sem ter que me preocupar tanto com o orçamento.

Aproveitando Paris com um orçamento reduzido

Mesmo com um orçamento restrito, ainda tive várias oportunidades de viajar e aproveitar o intercâmbio com meus amigos. No fim, ainda terminei meus 2 anos na França com um dinheirinho guardado.

Na tabela a seguir eu apresento meu fluxo de caixa do intercâmbio completo. Assim, vocês conseguem ter uma ideia do quanto é possível flexibilizar esse orçamento. 

Claro que essa é uma tabela teórica. Na realidade, tiveram meses em que os gastos reais foram um pouco acima ou um pouco abaixo do planejado mas, em média, busquei manter a disciplina e deu tudo certo.

Espero que esse post sirva como inspiração para quem deseja viver na França com um orçamento apertado. Não desista no primeiro “não” que você levar, corra atrás dos seus sonhos e faça acontecer, é possível! A França é um país com diversos auxílios sociais para estudantes e pessoas de baixa renda, basta saber procurar.Não deixe de ler também nosso post sobre o custo de vida na França, e qualquer dúvida deixe um comentário.