Afinal, existe uma previdência privada na França assim como existe no Brasil? Quais são as regras para ter uma e como funciona a parte tributária ? Ela vale a pena em comparação às outras contas especiais ? Descubra tudo isso e muito mais neste post, onde exploramos a fundo mais uma das contas especiais de investimento, o PER.
O Plano de Investimento para Aposentadoria, conhecido como Plan Épargne Retraite (PER) em francês, é o equivalente à aposentadoria privada no Brasil. Este plano oferece um mecanismo fiscal vantajoso para quem deseja construir patrimônio a longo prazo. Diferentemente de outras contas especiais, como o PEA, o Assurance Vie e a poupança salarial, o PER é destinado exclusivamente ao investimento de longo prazo, já que o dinheiro só pode ser resgatado na aposentadoria.
De acordo com a empresa de gestão de patrimônio Cleary, no final de julho de 2024, o PER acumulou um volume total de 84,4 bilhões de euros. Embora esse valor seja modesto em comparação com outras contas especiais, isso se deve ao fato de o PER ser uma conta relativamente nova.
O PER surgiu como parte de uma reforma previdenciária de 2019, sendo implementado em 2020. O PER individual substituiu os antigos PERP e Madelin, enquanto o PERECO e o PERO (abordados no post sobre poupança salarial) substituíram o PERCO e o Artigo 83, respectivamente.
Em resumo, as contas antigas tinham limitações, como a exigência de retirada do capital apenas na forma de renda vitalícia. As novas contas oferecem condições muito mais flexíveis, incentivando o investimento para a aposentadoria. Agora, é possível optar por resgatar o valor em capital único ou como renda. Além disso, os benefícios fiscais foram melhorados, tornando o PER ainda mais atraente.
O PER (Plan Épargne Retraite) possui três tipos principais, cada um com características próprias. Já apresentamos dois deles post sobre poupança salarial, por isso, focaremos agora no PERin (Plano de Poupança Individual), que oferece maior liberdade na escolha de quando e como investir. Todos os três planos têm a característica comum de que o desbloqueio dos fundos só acontece na aposentadoria.
Vamos detalhar cada um deles:
Geralmente a primeira conta, a PERin, apresenta mais suportes de investimento disponíveis, as clássicas como fundos de euro e unidades de conta como ações, obrigações, fundos de investimento, ETFs e mesmo investimentos imobiliários. Já as outras duas são mais limitadas, como visto na postagem de poupança salarial.
Embora o PER seja uma conta de longo prazo com baixa liquidez — projetada para que o resgate ocorra somente na aposentadoria — existem algumas situações em que é possível desbloquear o montante antecipadamente. Vamos aos casos em que a retirada é permitida:
* No caso da compra da residência principal, apenas os aportes voluntários podem ser resgatados. As contribuições como abondement, participação nos lucros e outras rendas oriundas de PERECO e PERCAT não podem ser desbloqueadas antecipadamente. Além disso, essa retirada, embora ainda conte com benefícios fiscais, deve ser analisada com cautela, pois pode acarretar uma forte imposição no ano em que for declarada.
Para os casos relacionados a acidentes de vida, o capital retirado é isento de imposto de renda, proporcionando um alívio financeiro em situações difíceis.
Como destacado anteriormente, o PER oferece vantagens interessantes no que diz respeito ao regime fiscal. Para compreender isso em mais detalhes, precisamos primeiro entender as diferentes origens dos aportes, que são divididos em três compartimentos:
No caso do PERin, os aportes são exclusivamente voluntários. As contribuições salariais e obrigatórias só aparecem quando há uma transferência de fundos provenientes de um PERECO ou PERCAT. Agora, vamos analisar como cada um desses compartimentos funciona e o impacto fiscal de cada um.
Para os aportes feitos voluntariamente pelo investidor no PER, é possível deduzir o valor do imposto de renda, respeitando um teto máximo anual. Para isso, existem duas opções:
Na maioria dos casos, a primeira opção é a mais vantajosa. No entanto, essa decisão deve ser feita no início e não pode ser alterada posteriormente.
A renúncia da dedução é benéfica apenas para pessoas com baixa renda, que estão nas faixas de tributação de 11% ou 0%. Esses segmentos, também chamados de “tranches”, correspondem àqueles com renda líquida tributável inferior a 28.797 € anuais por parte. A explicação detalhada sobre as tranches marginales d’imposition (TMI) está no post sobre imposto de renda na França.
A dedução fiscal tem o objetivo de reduzir o imposto na hora do resgate dos fundos. No entanto, se a pessoa é sujeita a uma baixa tributação, não há vantagem em optar pela dedução no imposto de renda.
O valor de dedução anual no PER é calculado com base no ano N-1 e aplicado no ano N. O limite de dedução anual, também conhecido como disponibilidade fiscal, varia conforme o status profissional. Esse limite é regulamentado pelo Plafond Annuel de la Sécurité Sociale (PASS). Para 2024, o PASS foi estabelecido em 3.864 € mensais ou 46.368 € anuais. Vamos visualizar o limite para cada caso :
Condição / Status | Autônomo (1) | Empregado (2) |
(1) 10% da renda profissional*(2) 10% sobre ganho + benefícios** | 87 984 € | 35 194 € |
(1) 10% do PASS ano X(2) 10% do PASS ano X-1 | 4 636 € | 4 399 € |
* – Para a primeira condição sobre a renda, o limite máximo é definido como 8 vezes o PASS anual.
** – Para o autônomo, além do limite máximo de 8 PASS, ainda é acrescentado ainda mais 15% dos benefícios, entre 1 a 8 PASS.
Embora pareça complicado, o próprio sistema de imposto de renda já indica o limite de dedução possível. Além disso, esse valor pode ser combinado com os últimos 4 anos, permitindo flexibilidade na dedução fiscal.
Os aportes feitos no PER têm o efeito de reduzir a renda tributável, o que, por consequência, diminui o imposto final. O valor da redução depende da tranche marginale d’imposition (TMI), ou seja, a faixa de tributação em que o contribuinte se encontra. Para calcular a dedução, basta multiplicar o valor do aporte pelo TMI.
Vamos ver um exemplo prático:
Consideremos um jovem solteiro sem filhos, com uma renda líquida tributável de 50.000 €, que o coloca na faixa de 30% de tributação. Ele tem um limite de aporte dedutível de 5.000 €. Com isso, o imposto final seria reduzido em 5.000 € * 30% = 1 500 €. O valor inicialmente previsto do imposto era de 8.300 €, o que resulta em uma redução de cerca de 18%.
O governo facilita o acompanhamento dos aportes ao PER, e o valor dedutível é indicado diretamente na declaração de imposto de renda. Na página dois do formulário, você encontra o valor máximo possível a ser deduzido, facilitando o processo para o contribuinte, como é demonstrado a seguir.
Para declarar o valor investido no PER, é necessário preencher o formulário 2042, especificamente na parte 6, chamada “charges déductibles”, na seção “Épargne retraite” (página 4). Vejamos em sequência os possíveis casos.
Resumindo os casos:
Quando chega o momento de retirar o dinheiro investido no PER, o valor do imposto cobrado depende da forma de saída escolhida: capital único ou renda vitalícia. Vamos abordar cada uma dessas opções.
A tributação sobre o valor retirado como capital varia conforme a escolha inicial ao abrir o contrato PER (dedução de imposto ou renúncia) e diferencia o valor principal dos ganhos.
Nesse caso, pode ser vantajoso retirar o capital de forma parcelada, para reduzir o impacto no Imposto de Renda.
Na escolha de receber a renda vitalícia, não há distinção entre o valor principal e os ganhos. Se você optou pela dedução de imposto, o regime que prevalece é o “régime de la rente viagère à titre gratuit” (RVTG). Nesse caso, a renda é tratada como salário normal, com um abatimento de 10% na base tributável.
Para quem não optou pela dedução, aplica-se o “Régime des rentes viagères à titre onéreux” (RVTO), que concede uma dedução progressiva dependendo da idade no momento da aposentadoria:
Lembre-se que esses percentuais são brutos, pois ainda é necessário descontar a contribuição para a Segurança Social, que é de 17,2%.
No caso do PER dentro de empresas, conhecido como PERECO, os aportes feitos pelo empregador são isentos de imposto. Na hora do resgate:
O PER obrigatório (PERCAT) tem algumas particularidades importantes. A principal delas é que a saída só pode ser feita em forma de renda vitalícia. Em termos fiscais:
Depois de discutir as características do PER, chega o momento de abrir uma conta. Vale lembrar que só podemos abrir um PER individual, já que o PERECO e o PERCAT são oferecidos exclusivamente pelo empregador e não possuem outras opções de escolha.
Para selecionar o melhor local para abrir o Plano de Investimento para Aposentadoria Individual (PER), é importante considerar 3 conjuntos de fatores : Questões gerais da corretora mais subjetivas, dos suportes de investimento e das taxas envolvidas, vamos ver cada uma delas.
Assim como no PEA e na Assurance Vie, o PER também apresenta custos de administração que devem ser considerados. Abaixo, destacamos as principais taxas:
Ao escolher uma corretora para abrir seu PER, as melhores opções no mercado se destacam por oferecerem:
A Linxea é amplamente reconhecida como uma das melhores corretoras para Assurance Vie, e no PER não é diferente. O Linxea Spirit PER ocupa o primeiro lugar em diversas análises de especialistas, oferecendo uma vasta prateleira de opções de investimento de alta qualidade, além de taxas competitivas. Isso a torna uma das melhores opções para quem procura um PER com baixo custo e boas oportunidades de diversificação.
Aqui, vamos responder a algumas das perguntas mais frequentes sobre o PERin.
O PER pode ser aberto para pessoas com mais de 18 anos, mas não existe uma idade ideal para começar a investir. O que realmente importa é a renda da pessoa. Quanto maior a renda, maior será o benefício fiscal, tornando o PER uma opção interessante. Para quem tem renda mais baixa, outras formas de investimento podem ser mais vantajosas.
A sucessão no PER é semelhante à da Assurance Vie. Em caso de falecimento antes dos 70 anos, há uma isenção de imposto para transferências de até 152.500 € por beneficiário. Se o falecimento ocorrer após os 70 anos, o limite de isenção é reduzido para 30.500 €.
Infelizmente, só é possível fechar o PER em casos excepcionais, como nos casos de retirada antecipada permitidos por lei ou no momento natural da aposentadoria. Fora essas situações, a conta deve permanecer aberta, mesmo que não esteja sendo utilizada.
O PER foi criado para ajudar a reduzir a tranche marginale d’imposition (TMI) da vida profissional para a aposentadoria. Em outras palavras, ele é mais vantajoso quando a renda na fase ativa é maior do que a prevista na aposentadoria. O objetivo é que, ao retirar os fundos na aposentadoria, a pessoa pague menos imposto, já que sua faixa de tributação tende a ser mais baixa.
Vamos explorar os casos em que o PER pode ser uma boa opção:
É importante lembrar que o tempo é o maior aliado quando falamos de juros compostos. Quanto mais cedo você começar a investir, maior será o impacto dos rendimentos ao longo do tempo.
Neste post abordamos o plano de investimento para a aposentadoria, a PER, equivalente à previdência privada no Brasil. Vimos os diferentes tipos e suas características, além disso vimos também as informações referente a relação com o imposto de renda, tanto na entrada com os aportes quanto na saída do investimento na forma de capital e/ou de renda vitalícia. Para abrir um PERin é preciso pensar em diversos aspectos e no final o Linxea Spirit acabou ganhando. Para finalizar, resumimos os melhores casos para se abrir um PER.
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Olá, sou Valquir, engenheiro civil, investidor e nerd. Já morei nos Estados Unidos, Brasil e agora na França. Estou aqui para transmitir um pouco do que já passei e dar as minhas percepções. Espero que goste do conteúdo preparamos com carinho. Qualquer coisa só mandar um email 😉
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