Salut, sou Valquir, um engenheiro civil recém formado, cheio de ideias para fazer a diferença nesse mundão. Sou apaixonado pela complexidade humana, por isso trabalho hoje com a gestão de pessoas. Um bom anime ou trilha para indicar ? Tô dentro!
Eu acredito que somos formados pelas nossas experiências. A minha jornada começou cedo, aos 6 meses de idade, quando fui morar nos Estados Unidos com meus pais, que estavam em busca do American Dream. Me considero sortudo e privilegiado de ter passado meus primeiros 11 anos lá.
Ainda sim, estava longe de uma vida farta, éramos imigrantes e nos mudamos inúmeras vezes, até nos estabelecer na cidade de Boxborough, em Massachusetts. Nesse tempo, meus pais só podiam trabalhar em funções terciárias: limpeza de casa, construção civil etc. Então passei um bom tempo sozinho com meu irmão. Acabamos nos apegando a videogames: ps2, Game Boy e Nintendo DS, principalmente. Foi daí que surgiu meu lado mais geek e tecnológico.
Num país global, a gente aprende mais sobre as diferenças culturais e saber como conviver com pessoas de diferentes baclgrounds.O tempo na gringa me fez abrir os olhos para tudo que podemos conquistar se dermos um passo a mais por dia.
Quando voltei à minha cidade natal, Imbituba/SC, em 2008, senti certo incômodo com a diferença das realidades e vontade de chegar mais longe.
A primeira grande diferença foi no nível da educação. Cursei o ensino fundamental numa escola básica municipal, onde os recursos eram limitados. Já no ensino médio, também em escola pública, tive a oportunidade de fazer um curso técnico integrado em informática.. Entretanto, a qualidade do ensino também não era das melhores, e os alunos não recebiam incentivos para fazer um vestibular.
Assim, busquei o único cursinho disponível na cidade. Eu não tinha dinheiro, mas tinha CARA DE PAU, e procurei uma forma para ver as aulas. Resultado: Consegui uma bolsa e em troca eu deveria trabalhar na organização e limpeza geral, incluindo banheiros. Moral da história: quem tem boca vai a Roma !
Imbituba
Ah, a vida na universidade… Onde a gente vai se descobrindo e vendo nossas aptidões. Foi uma das minhas melhores e piores fases da vida. Como meus pais nunca foram estabelecidos financeiramente, eu sempre gostei do tema de finanças e quase botei economia como minha primeira opção de curso. Acabei ficando com a civil por gostar de botar mão na massa, de pegar pessoas com diferentes objetivos para conseguir resolver problemas desafiadores. Mas onde estudasse Valquir ? Nada menos mais que a Universidade Federal de Santa Catarina!
Além das aulas eu sempre tentei ao máximo me engajar em atividades extracurriculares. Participei do Enactus, PET, Workweek, Betonada e, o que mais me fez crescer como pessoa e profissional, o centro acadêmico (CALEC), onde a minha vontade de trabalhar com pessoas aumentou exponencialmente! Além de, claro, encontrar o amor da minha vida.
Durante esse período, também tive momentos de muita dor, como perder a mãe pelo câncer. Ela foi uma pessoa incrível na minha vida, e sou quem sou graças a ela, aprendi com todo o processo principalmente a empatia e saber escutar mais do que falar.
“Mas e a França com tudo isso, Valquir?”. Calma jovem gafanhoto, estou chegando nessa parte. Desde calouro eu queria fazer um intercâmbio. Meu objetivo era a América latina. Iniciei os estudos de espanhol logo no início da faculdade, mas quando chegou a hora de me inscrever, o governo cortou as bolsas. Fiquei triste ? Lógico. Parei por aí ? Jamais ! Fui numa palestra da Aliança Francesa falando sobre o Brafitec. Mal sabia eu que isso mudaria minha vida.
E lá fomos nós, moi, Valquir, e minha (até então) namorada à França. Fiz meus estudos no curso de geociências e engenharia civil da École des Mines de Nancy.
Inicialmente o intercâmbio era para ser de um ano, mas fui mexendo os peões necessários para conseguir ficar o segundo ano, terminar a graduação na França e, quem sabe, ficar depois. Não foi um caminho fácil para conseguir passar os dois primeiros anos na França durante os estudos, mas cada momento valeu.
E sobre o novo idioma que tive que aprender na marra, também houve obstáculos. Uma coisa é aprender um idioma com aplicativos, na sala de aula, com radio, séries e afins, outra coisa é no dia a dia no meio de uma comunidade universitária com uso de gírias. Não foi fácil, mas passei raspando da barreira do idioma e cultura.
Se fosse só pelo tempo na universidade já valeu a pena a experiência, com as integrações da turma, festas, eventos da universidades, além de ter tido duas saídas de uma semana com o departamento de engenharia civil, fazendo visitas técnicas e botando em prática o que vimos em sala de aula. A experiência foi engrandecedora, tivemos o privilégio de estar numa das universidades top 10 da França.
Como um engenheiro e investidor, procuro ao máximo organizar as coisas antecipadamente e pensar no LONGO PRAZO. Tive que viver um semestre somente com as economias da bolsa do primeiro ano, já que o acordo de duplo diploma não tinha saído a tempo para ter a bolsa para o segundo ano. Além disso, busquei um estágio no final da graduação, pensando em ficar mais tempo na França, e consegui uma vaga na Eiffage, terceira maior construtora do país.
Nesse tempo, fui descobrindo a França e me apaixonando por seus encantos. Claro que nem tudo são flores, como todo lugar, tem suas vantagens e desvantagens. Depois de ter vivido 11 anos nos EUA, 13 anos no Brasil, 2 anos na França, e visto de perto a diferença entre os países, decidi me estabelecer na França. No geral, tem sido um momento inesquecível junto com a minha parceira.
O trabalho está ótimo mas não quero parar por aí, creio que tenho muita coisa a oferecer, depois de ajudar vários amigos sobre questões de finanças e de legalização na França. Com o meu lado mais analítico e experiência de vida em diversos ambientes, vejo a possibilidade de dividir tudo que aprendi com foco em finanças até então e mostrar os acertos e tropeços. A história está longe de acabar, vamos descobrindo o país juntos com o Blog França Verde e Amarela, à bientôt.
Valquir Pacheco